Hoje (29), abordamos uma temática importante para o município de Valparaíso de Goiás, que completou no último dia 15 de junho, o seu 26º aniversário de emancipação político-administrativa.
Enquanto houver racismo não haverá democracia! O Governo da cidade e o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – Compir, estão unidos na luta por uma sociedade justa e sem discriminação racial.
Sabemos que aumentando a conscientização, teremos mais combatividade e representatividade contra práticas racistas. Respeitar é a melhor maneira de demonstrar amor.
Racismo no País
Tardiamente, a escravidão foi abolida no Brasil há 133 anos, e ainda hoje o racismo estrutural permeia a sociedade, nas instituições, nas relações interpessoais, nos espaços de poder, sendo muitas vezes pelo jeito de falar. Tendo em vista que a luta pela igualdade racial também ocorre com mudança de hábitos preconceituosos, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial – Compir, traz o significado de algumas expressões racistas para fazer refletir e assim moldar o vocabulário do cotidiano.
Sempre ouvi muitas dessas expressões porque infelizmente, o nosso próprio idioma foi consolidado sob influências do período escravocrata e expressões racistas foram mantidas junto com a segregação do povo negro no Brasil. As que ouvem com muita frequência e que são manifestações racistas mascaradas de elogios.
O fato de essas expressões terem atravessado séculos resistindo de maneira tão naturalizada no vocabulário brasileiro diz muito do real interesse sobre uma sociedade sem discriminação racial.
Todos os membros representantes do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), afirma que é necessário conhecer as expressões preconceituosas ao povo negro e moldar o vocabulário para não reproduzir discursos racistas. “O racismo tem muitas expressões e palavras que se tornaram culturalmente usuais no Brasil e perpetuam o preconceito. Por isso, é importante observar o que se fala e, consequentemente, moldar o modo de falar porque palavras e expressões do cotidiano não podem reproduzir discursos racistas”.
Algumas das expressões e seus significados usadas são:
“A coisa tá preta”
A expressão associa o “preto” a uma situação desconfortável, desagradável, difícil e até perigosa. Em vez disso, pode-se dizer “A coisa está difícil”.
“Serviço de preto”
É uma frase usada para remeter a um serviço mal feito, ou realizado de maneira errada, mas associa isso ao trabalho feito pelos negros, colocando a palavra “preto” como a representação de algo ruim. Pode-se trocar por “serviço mal feito”.
“Cabelo ruim”
Expressão normalmente usada para se referir pejorativamente ao cabelo afro, juntamente com outras como fios “rebeldes”, “cabelo duro”, “carapinha”, “mafuá”, “piaçava” e outros tantos derivados depreciam o cabelo afro. Pode-se usar apenas “seu cabelo é cacheado” ou “cabelo afro” e retirar o tom pejorativo da fala porque ter um cabelo afro não é sinônimo de cabelo ruim.
“Ter um pé na cozinha”
Essa é uma forma racista de falar de uma pessoa com origem negra, pois lembra o período da escravidão em que o único lugar permitido às mulheres negras era a cozinha da casa grande. Nesse caso, o melhor é retirar a expressão do vocabulário.
“Não sou tuas negas”
Essa expressão coloca a mulher negra como “qualquer uma” ou “de todo mundo”, ou seja, a frase indica que a pessoa não é “alguém que faz de tudo”. Além de ser uma frase racista, também é muito machista e não deve ser usada.
“Meia tigela”
Usada para referir-se a algo sem valor ou medíocre, no entanto, a expressão surgiu há muito tempo, envolvendo o sofrimento dos negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. A punição nesses casos era receber apenas metade da tigela de comida, além de serem apelidados de “meia tigela”. Em vez disso, pode-se dizer simplesmente “sem valor”.
“Mulata”
Na cultura espanhola, esse termo referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua e hoje é usada com a ideia de sedução, sensualidade ligada a mulher negra. Um derivado ainda mais pejorativo é “mulata tipo exportação”, que pulveriza a visão da mulher negra e seu corpo como uma mercadoria. Esse é mais um caso de expressão a ser retirada do cotidiano.
Assessoria de Comunicação do Governo da cidade de Valparaíso/
Com a colaboração do Compir/
Foto: Getty Images